Fiquem vocês sabendo que, muito mais cedo que tarde, abrir-se-ão de novo as grandes alamedas por onde passe o homem livre, para construir uma sociedade melhor.

(Últimas declarações de Salvador Allende ao povo chileno a 11 de Setembro de 1973, quando os aviões dos generais fascistas já bombardeavam o Palácio de La Moneda)

22 de novembro de 2016

Acerca da Tolerância na Maçonaria




Recordando  Saint-Exupéry (Citadelle, 1948):     «Se diferes de mim, meu Irmão, longe de me prejudicares, enriqueces-me».(f.c.)

I - Introdução
A Tolerância é um dos princípios  mais nobres que nos impõe a Maçonaria proclamando a Constituição da A:. O:. -  Titulo I, Artigo 1º) que    «A Maçonaria....obedece aos princípios da Fraternidade e da Tolerância, constituindo uma aliança de homens livres e de bons costumes, de todas as raças, nacionalidades e Crenças” (6).

A palavra Tolerância deriva do latim “tolerare”, que significa tolerar, suportar, mas também suster, manter.  Segundo Mainguy (3) esta palavra só tomou o sentido positivo que actualmente lhe damos a partir do século XVI, aparecendo como noção filosófica evolutiva e começando verdadeiramente a definir-se nos decénios que precedem a eclosão da Maç:. sob a forma especulativa moderna.

Ao consultar o   Dicionário a primeira definição de TOLERÂNCIA é a seguinte:
<1. (Substantivo…).Tendência a admitir modos de pensar, de agir e de sentir que diferem dos de um indivíduo ou de grupos determinados, políticos ou religiosos>, (f.c.).
M. Pinto dos Santos salienta ( “Dicionário da Antiga e Moderna Maçonaria”) (8) que «Tolerância –  Virtude através da qual  o Maç:. aceita nos outros IIr:. a diferença ao nível do pensamento, da sua expressão e dos actos. A prática desta virtude é condição do progresso maçónico, uma vez que a aceitação da diferença e do contrário é fonte da dialéctica que se coloca ao Aprendiz desde a sua iniciação» (f.c.).

Para  Guy  Chassagnard (“Petit Dicitionnaire de la Franc-Maçonnerie”) (1), a Tolerância é «Princípio primeiro da Maçonaria, para quem todas as ideias são respeitáveis desde que emanem de espíritos sinceros; porque eles exprimem a verdade sob diferentes aspectos. Nenhum homem livre e de bons costumes pode permanecer no erro absoluto nem vangloriar-se  de deter  a verdade perfeita.» (f.c.)
A. Oliveira Marques  ( “Dicionário da Maçonaria Portuguesa – vol.II) (7) refere que «...é através dela que podem ser iniciados e permanecer dentro das Loj:. IIr:. de todas as tendências políticas e religiosas, convertendo aquelas no «centro de união» proclamado por Anderson.  Nas várias Constituições Maçónicas Portuguesas, a Tolerância surge como princípio e divisa fundamentais da Ordem» (f.c.).

Por último, Daniel Ligou (“Dicitionnaire de la Franc-Maçonnerie”) (9) salienta: “…O espírito de tolerância consiste precisamente em admitir  outra opinião mesmo se essa opinião é contrária à nossa ou à opinião dominante ou oficial, que se tende a considerar geralmente como uma verdade” … e mais à frente: “ É preciso contudo não confundir uma instituição que tolera com a que afirma a liberdade absoluta de consciência, já que neste caso todas as opiniões podem ser expressas e ensinadas, não se estabelecendo entre elas qualquer hierarquia de valor ou relativamente a elas qualquer julgamento” (f.c).