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Modernos versus Antigos na conflitualidade Maçónica Inglesa no Século XVIII
Modernos versus Antigos na conflitualidade Maçónica Inglesa no Século XVIII - o que Consta e a Realidade
I – O Século XVIII e o desenvolvimento do conflito
O grande conflito que sacudiu a Maçonaria inglesa ao longo de cerca de 60 anos (de 1751 até 1813), é normalmente designado como o diferendo entre "Antigos" e "Modernos”. Não é por acaso que este período e este assunto têm sido estudados, até ao primeiro quartil do século XX, como um facto histórico interno à própria Inglaterra. Contudo, as suas implicações foram profundas para o desenvolvimento da Maçonaria a nível inglês, europeu e mundial, através da expansão do imperialismo Britânico, em que a Maçonaria óbviamente assumiu um papel importante, quer na exportação de quadros (militares e outros), quer posteriormente na formação dos novos quadros coloniais. Para perceber a evolução da Maçonaria especulativa (em geral) e da inglesa em particular, é essencial conhecer as etapas do confronto entre "Modernos" e "Antigos". Resumem-se classicamente da seguinte forma: em Inglaterra até 1750 a Maçonaria «oficial» era unida e uniforme, já que na primeira metade do século XVIII existia uma única organização maçónica dominante, a Grande Loja de Londres (G:.L:.L:.), considerada vulgarmente a partir de 1717, o berço fundacional da moderna Maçonaria, dado que Gr. Loja de York e algumas poucas lojas autónomas foram progressivamente reduzindo a sua actividade, apesar de contestarem e não reconhecerem oficialmente a existência daquela. No entanto a história dos primeiros tempos da Maçonaria inglesa é mais complexa do que na maior parte das obras e textos nos foi transmitido até ao século passado, graças ao aprofundamento da pesquisa e aos avanços registados nas investigações sobre este período. É claro que a história da Maçonaria Inglesa não se limita "stricto sensu" à Inglaterra. Na verdade é a história duma Maçonaria que está exposta a vários tipos de influências, desde as internas, de base britânica, mas também às componentes externas, sobretudo as influências escocesas e irlandesas. É no segundo terço do século XVIII, que se constitui em Inglaterra um sistema maçónico, produto de todas estas influências e que, evidentemente, também teve em seu redor influências doutras «paragens», especialmente de alguns «ventos» reenviados a partir de França. Ao renovar a abordagem sobre este período essencial, devemos aprofundá-lo como desenvolvimento Inglês, mas de recorte irlandês, contribuindo decididamente para deslocar e influenciar a Maçonaria continental, sobretudo as Maçonaria francesa e alemã. Quase 100 anos mais tarde após a fundação «oficial» da G:.L:.L:., a Grande Loja Unida de Inglaterra (G:.L:.U:.I:.) surge da fusão entre «Modernos» e «Antigos», em 1813. Desde logo e a pretexto de se auto-designar herdeira e continuadora da Grande Loja de Londres (G:.L:.L:.), obviamente não tem interesse em fazer emergir o diferendo que opunha as duas anteriores G:.L:.s para o exterior do estrito âmbito inglês, passando posteriormente a utilizar o manto diáfano da «Regularidade», que passou a atribuir “dogmaticamente” às Obediências (predominantemente de base anglo-saxónica, mas não só) que se vieram colocar perante a sua autoridade, por forma a estender o seu domínio à escala mundial. Como bem evidenciou Alain Bernheim [5], tanto a Maçonaria Inglesa como a francesa foram, no que respeita aos graus azuis, substancialmente idênticas pelo menos até 1750, altura do aparecimento dos "Antigos". Philip Crossle, talvez um dos maiores historiadores da Maçonaria irlandesa, a partir de 1928 começou a chamar a atenção para as especificidades desta Maçonaria e especialmente, para a existência de um sistema composto por 3 Graus, anterior ao sistema revelado (não oficialmente) em Londres por Samuel Prichard, em 1730. Este sistema era dotado dum conteúdo diferente, ao compreender um novo grau, denominado de “Arco Real”. Ao apresentar o seu trabalho de investigação, Crossle estava implicitamente a levantar também uma questão complexa, a do aparecimento e influência dos Altos Graus na história geral da Maçonaria.