Fiquem vocês sabendo que, muito mais cedo que tarde, abrir-se-ão de novo as grandes alamedas por onde passe o homem livre, para construir uma sociedade melhor.

(Últimas declarações de Salvador Allende ao povo chileno a 11 de Setembro de 1973, quando os aviões dos generais fascistas já bombardeavam o Palácio de La Moneda)

20 de maio de 2017

A Liberdade


Artigo de Opinião transcrito do nº1239 do extinto JBNews da autoria de Anatoli Oliynik


Liberdade é um termo que usamos todos os dias, pensando conhecer o seu significado; mas a um
exame mais cuidadoso vemos que é difícil dar-lhe uma definição precisa e unívoca, tão variados e
diversos são os casos em que nós o usamos. Todavia, existe um núcleo fundamentalmente igual
que ocorre constantemente: é a ausência de constrangimento.
Em maçonaria, segundo Castellani:
"Liberdade - Substantivo feminino (do latim: libertas, atis), designa a faculdade de fazer ou deixar
de fazer uma coisa por vontade própria, sem se submeter a imposições alheias; o gozo dos direitos
de homem livre; a licença, a permissão."
Definição:
Geralmente, nós entendemos liberdade como a ausência de constrangimento. A coação pode
depender de diversas causas e, por isso, podem ser distinguidos vários tipos de liberdade, dos quais
os principais são:
a. Liberdade física: é a isenção de constrangimento físico;
b. Liberdade moral: é a isenção da pressão de forças relativas à ordem moral, como prêmios,
punições, leis, ameaças.
c. Liberdade psicológica: é a isenção de impulsos de outras faculdades humanas sobre a
vontade para fazê-la agir de uma determinada forma.
d. Liberdade política: é a isenção de determinismos políticos.
e. Liberdade social: é a ausência de determinismos sociais.
Embora Liberdade seja um dos lemas da trilogia maçônica - "Liberdade, Igualdade e Fraternidade",
cujo conceito na Instituição é muito amplo e abrangente, neste artigo, trataremos mais
especificamente da liberdade psicológica. Portanto, vamos a sua definição:
Liberdade psicológica define-se como capacidade que o homem possui de fazer ou não uma
determinada coisa, de cumprir ou não determinada ação, quando já subsistem todas as condições
requeridas para agir. É o controle soberano sobre a situação, de forma que a vontade tenha em suas
mãos o poder de fazer pender a agulha da balança de um ou do outro lado. É a senhoria absoluta, o
domínio completo de si mesmo, das próprias ações, de tudo o que nos diz respeito. Nessa
possibilidade radical de decidir por si mesmo é que consiste a essência da liberdade psicológica.
Historia do problema:
O estudo do problema da liberdade efetuado pela filosofia grega, não forneceu contribuição
significativa. As principais razões pelas quais o pensamento grego não conseguiu realizar uma
investigação satisfatória do problema da liberdade são três:
a. porque considera todas as coisas sujeitas ao destino, uma vontade absoluta, superior aos
homens e aos deuses, que determina consciente ou inconscientemente a ação; por isso,
definitivamente os homens estão isentos de qualquer responsabilidade das ações.
b. porque conforme o pensamento grego, o homem faz parte da natureza e é sujeito às leis
gerais que a governam, pelo que ele não pode comportar-se diversamente.
c. porque o homem é escravo da férrea engrenagem da história, que é concebida pelo
pensamento grego como um movimento cíclico, no qual tudo se repete regularmente em um
certo período de tempo.

O problema da liberdade adquiriu uma nova dimensão e atraiu enorme interesse no pensamento
contemporâneo.
Mas, nos dois milênios da reflexão filosófica cristã, o problema não foi encarado sempre do mesmo
modo e nem recebeu uma única solução.
Durante o período patrístico e medieval o problema foi visto da perspectiva teocêntrica; a liberdade
é, sobretudo, uma relação entre o homem e Deus e a esse propósito Santo Agostinho coloca a
seguinte pergunta: "por que Deus criou o homem livre, sabendo que ele abusaria desse dom?" São
Tomás de Aquino, também nos coloca a seguinte questão: "Como é possível, pois, que o homem
seja livre se Deus é a causa principal e última de cada coisa?".

13 de maio de 2017

FRANC-JARDINIERS EM LONDRES

Transcreve-se, do Blogue Pierres Vivantes, este artigo de opinião da autoria de Roger Dachez:


Um fim-de-semana em Londres forçou-me a abandonar a mesa onde escrevo dois livros que devem ser lançados no final do ano (O Verdadeiro Romance da Franco-Maçonaria - os 30 dias que fizeram a Maçonaria em ambos os lados do Canal da Mancha, e Uma Nova História da Franco-Maçonaria em França - um terceiro já está concluído e será lançado dentro de algumas semanas (História Ilustrada do Rito Escocês Rectificado) - uma actividade intensa que também explica o meu silêncio neste blog durante alguns meses, silêncio que vai cessar quando tudo estiver escrito!
Mesmo assim, decidir ir a Londres para ser recebido na Loja Jardins Suspensos da Babilónia nº 13, pertencente à Ordem dos Jardineiros de Inglaterra.
Então aqui estou eu como Franco-Jardineiro...
Não vim aqui para traçar a história, as fontes e destinos frustrados desta Ordem para maçónica, que muitos pensam ter desaparecido mas que, miraculosamente preservados na Austrália, retomou o poder e a força na Escócia há alguns anos e agora na Inglaterra - e, quem sabe, um dia, talvez, em França...
Apenas quero aproveitar esta oportunidade para reflectir um pouco sobre estas franco-maçonarias paralelas, as chamadas Friendly Societies que frequentemente caminham ao lado da própria Franco-Maçonaria, mas experimentando um destino diferente.

Uma Miríade de Fraternidades


O fenómeno das Friendly Societies foi notavelmente projectado para leitores franceses pelo meu amigo Jean-Pierre Bacot no seu livro As sociedades fraternais, Dervy de 2007, a que me faço referência, é claro.
Dos Silvicultores aos Druidas através dos Buffalows e Odd-Fellows, estas sociedades, cuja glória aconteceu no Séc. XIX, combinam dois aspectos principais: a preocupação fundamental de apoio mútuo, caridade activa e concreta, e uma organização hierárquica com um enquadramento simbólico e ritual de lojas, graus e ornamentos. Uma mistura improvável aos olhos dos franceses…

12 de maio de 2017

El crepúsculo de la masonería patriarcal?



Com a devida vénia se transcreve, do Blogue Los Arquitectos, este artigo de opinião da exclusiva responsabilidade do Autor:


Las corrientes masónicas de la actualidad son organizaciones que se formaron a partir de la modernidad, pero en los albores del siglo XXI se hace insostenible, desde el punto de vista democrático y social, seguir manteniendo ciertas tradiciones propias de tiempos pretéritos. Conozco a muchos masones que no quieren saber nada de los rasgos fundamentales de la cultura contemporánea, y caprichosamente continúan cultivando sus costumbres con una visión del mundo en fase declinante.
La noción de modernidad y sus ideas afines como la ilustración y la secularización fueron ampliamente divulgadas por filósofos, historiadores y sociólogos, pero hay un aspecto que en la mayoría de los estudios se pasa por desapercibido. Releyendo a los intelectuales de la época y teniendo presente que estamos próximos a conmemorar el Día Internacional de la Mujer, encontré la oportunidad propicia para pensar la masonería desde la otredad.
Se podría datar –desde lo político– el inicio de la modernidad con la firma de los tratados de paz en Westfalia, documentos que a la vez dieron inicio a un nuevo orden en el centro de Europa basado en el concepto de soberanía nacional. La Ilustración tuvo en común un ambicioso programa de secularización, humanismo, tolerancia, cosmopolitismo, valores que asumió como propia la masonería de entonces con la creación de las dos potencias –en la actualidad con nombres diferentes– que lideran las dos principales corrientes masónicas: La Gran Logia Unida de Inglaterra y el Gran Oriente de Francia. A ambos estándares les caracterizaba sobre todo un fervor por la libertad y la participación política.

Los ilustrados –entre ellos muchos masones– proclamaron su visión del mundo como universal, pero por «universal» se entendía que el mundo y el hombre se regían por un conjunto único de leyes naturales. El concepto de uno, de universal, de único no admitía la otredad, la diferencia. Por lo tanto la Libertad, la Igualdad y la Fraternidad fueron válidas únicamente entre varones en detrimento y en exclusión de las mujeres.
La modernidad no pudo concebir la igualdad en diferencia, pero no se debe condenar a sus ideólogos con los valores del presente siglo; un caudal de agua pasó debajo del puente de la historia y el río ya no es el mismo. Se fundamentó y sostuvo en la igualdad entre iguales y en la dominación de los diferentes. Entre esas dominaciones, el caso de la mujer tal vez sea el más paradigmático, tal como lo publicó la escritora francesa Simone de Beauvoir en El segundo sexo. La diferencia entre géneros fue atribuida por los hombres de la época como un hecho de naturaleza y no de cultura. No se preocuparon por desmontar la herencia inmemorial de esa inequidad entre géneros, pues lo concibieron como hechos biológicos, inmutables y no como construcciones sociales, políticas y culturales, tal como se admite en la actualidad.