FNAC, Centro Comercial Colombo, Lisboa
Quero iniciar esta minha intervenção agradecendo o honroso convite que me foi formulado pela FNAC, em particular ao seu dinâmico responsável de comunicação Pedro Vinagre, para abordar um tema que tem tanto de dramático como de ensinamentos actuais, e sobretudo ter a possibilidade de falar sobre um cidadão e um político que é uma das maiores referências do século XX. Mário Jorge Neves
No momento político que atravessamos, em que voltam a sobressair aspectos preocupantes protagonizados pelas mesmas forças totalitárias que há 40 anos no Chile efectuaram uma chacina de largos milhares de seres humanos, incluindo o seu presidente democraticamente eleito, é fundamental que não se permitam apagamentos da memória colectiva.
O cidadão e o médico. Salvador Allende Gossens nasceu em Valparaíso, no Chile, a 26 de Junho de 1908, no seio de uma família burguesa e com grande envolvimento político.
O seu bisavô paterno, Dr. Vicente Padin, foi o decano da Faculdade de Medicina em 1863/64, o seu avô paterno, Rámon Allende Padin, foi médico-chefe durante a Guerra do Pacífico e o pai, Salvador Allende Castro, foi advogado.
A sua mãe, Laura Gossens, era uma senhora católica de origem belga.
Salvador Allende teve duas irmãs: Laura e Inês. Laura chegou a ser deputada e Inês foi casada com Eduardo Grove, destacado alcaide de Viña del Mar.
O facto do seu pai exercer as funções de notário, motivou que a família tenha vivido em várias cidades e que Salvador Allende tenha frequentado diferentes liceus.
Era um competitivo praticante de desporto com diversificadas facetas que iam desde a natação ao atletismo, à equitação, à luta greco-romana, ao boxe e à vela.
O pai e os tios foram militantes do Partido Radical, o avô paterno foi senador, vice-presidente do Senado e fundou a primeira escola laica no Chile.
Sendo um conhecido maçom, foi ainda Grão-Mestre da Grande Loja do Chile, eleito em 1884.